Sabe aqueles textos que você lê e fica com a sensação que foi você que escreveu?
Que falaram em seu nome?
Por você?
Pois é, há tempos eu li uma crônica da m a r a v i l h o s a Martha Medeiros
que eu não via a hora de escrever a minha versão do assunto:
Separação e divórcio!
A crônica se chama: Separação como um ato de amor.
E está no brilhante livro "Doidas e santas".
Imperdível!
Triste eu tô há anos, decidida há um ano, separada tô 10 longos meses,
declarada há 4 dias e acredito, estou há um mês do me divórcio.
Claro que toda separação tem dor, muita dor.
Em níveis e fases diferentes.
Acredito doer ainda mais, em nós, casais que temos filhos.
Não é uma decisão só sua, justamente por isso, eu tenha protelado tanto.
E pior, no meu caso juntei, casei, separei, (me iludi) recasei de novo
e enfim me separo definitivamente agora.
Hoje sei que, essas minhas idas e vindas, (estou na terapia)
foram buscando o estereótipo da família feliz,
que eu enfim, estou conseguindo trocar esse chip genético que embutiram em mim.
De que família é pai, mãe e filhos na mesma casa, todos juntos e felizes.
Muitas "famílias" estão juntas na mesma casa, mas nem todos felizes.
Bom, sobre isso eu vou falar muitas vezes:
A minha nova e não menos equilibrada formação familiar:
Eu e meu dois filhos (os três mosqueteiros), um por todos e todos por um!
A descrição de separação da Martha Medeiros vem de encontro a minha:
"Provavelmente só se separam os que levam a infecção do outro até os limites da autenticidade, os que têm coragem de se olhar nos olhos e descobrir que o amor de ontem merece mais do que o conforto dos hábitos e o conformismo da complementaridade. A sepração pode ser o ato de absoluta e radical união, a ligação para a eternidade de dois seres que um dia se amaram demasiado para poderem amar-se de outra maneira, pequenae mansa quase vegetal."Eu que sempre acreditei, e tentei, que a separação fosse antes do fim do amor,
antes de se iniciar as brigas e a falta de respeito.
Não teve jeito.
Não conheço quem tenha conseguido tal proeza.
Infelizmente, o tempo que levamos até um de nós ceder, foi grande.
E claro, que cedeu fui eu!
Tô mais pobre, mas muitooo mais feliz!
Cedi não por ser autruista ou boa samaritana,
e sim, em nome do bem estar psicológico meu e dos meus filhos.
Lembra do meus post vão se os anéis, ficam-se os dedos?
Claro que essa máxima já faz parte, mas levar as minhas unhas?
Pois é, queriam levar até as minhas unhas, dedos quem sabe.
Por fim, eu me rendi, leva os anéis, todos eles, assino tudo!
Vou recomeçar de novo!
Não vai ser a primeira vez!
Sou como a fênix, renasço das cinzas sempre que necessário.
É tão difícil a atitude de se separar, mesmo que já tomada a decisão.
A morte é de certa forma, mais fácil, quem fica tende a só lembrar das qualidades, dos bons momentos e as alegrias. E na morte você não tem culpa, "decidiram" por você!
A dor é dor da saudade. Não tem a dor da culpa nem da raiva.
A separação não, as mágoas e tristezas latejam.
A mágoa ganha espaço, a mágoa do outro e de você mesma.
São tantos porquês.
Tantas culpas.
E tem os olhinhos dos filhos.
As perguntas difíceis.
A dor deles.
As lágrimas de filho são cortantes.
Lágrimas, quantas lágrimas.
A sensação de que nada valeu, a gente esquece o que houve de bom entre os dois.
É só mágoa e farpas.
Muito triste isso.
E dois menininhos no meio disso tudo.
Separar enquanto o que foi bom ainda está fresco na memória é muito mais digno.
No mínimo é inteligente
A grande sacada é terminar antes do confronto agressivo.
Eu, bem que tentei.
A vida já estaria nos eixos há muito tempo.
A amizade sai preservada, porque quando se se tem filhos
tem que no mínimo do mínimo que ser amigo do ex, ouviu?
Temos, deveríamos, ser amigos, os nossos filhos precisam disso para se equilibrar.
Engraçado escrever diretamente para o meu ex.
Sei que você está lendo.
Já disse aqui, que ele nunca me leu por interesse, por curiosidade,
por companheirismo ou no mínimo, por educação.
Nunca!
Antes né?
Agora, vive me lendo, especulando, folheando os livros que estão na minha cabeceira,
ouvindo meus telefonemas, numa curiosidade mórbida de saber como
e a quantas ($$$$) anda minha vida hoje.
Sei que você tá aí...
Já tá hora de parar não é mesmo?
O "THE END" já chegou.
Ou você agora se interessa pelos meus assuntos?
É quem sabe essa leitura não te refina pro próximo relacionamento?
É um boa!
KKKKKKKKKKKK
Tá puto né?
Eu escuto aqui e ali, sobre pessoas que adorariam ter se separado de maneira cordial,
não agressiva, mas infelizmente ainda não ouvi nenhum relato sobre separação
enquanto ainda se tem algum tipo de respeito e amor fraterno, solidário.
Gente! Eu amei e me dediquei, vivi com esse homem por vinte longos anos da minha vida.
Pouco provável que tenhamos a oportunidade de viver mais vinte com outros parceiros.
Vinte anos é tempo par chuchu!
E odiar essa pessoa?
Pai dos meus filhos?
Me odiar?
Eu, mãe dos filhos dele.
Sem falar da história (que hoje é uma remota lembrança) foi uma linda história de amor.
Passar a perna, lesar o direito do outro?
Realmente eu tinha que me separar de você mesmo.
Somos diferentes demais.
Eu não poderia deixar que meus (nossos) filhos aprendam que a lei dos "espertos" é a certa.
A indiferença como linguagem...
Não!
Ainda no texto da Martha um relato de uma pessoa falando que:
"Separação amigável é conversa pra boi dormir",
ex marido e ex mulher é pedra no sapato pro resto da vida,
que o máximo que se pode ter é tolerância em situações em que não há outra saída.
Separar só não é mais fácil para mim por causa dos chips que nos embutiram.
Como o que eu luto para trocar de que:
"Família feliz e equilibrada é com pai e mãe na mesma casa".
E não é!
E tem chip comportamental de tudo quanto é jeito:
"Separar é guerra obrigatoriamente"
"Separar é trágico."
"Separar é fracasso."
"Que vença o melhor, ou pelo o mais forte ou o com melhor advogado"
E por aí vai...
Agora, que separar é ficar mais pobre essa não é clichê não.
Pelo menos na maioria dos casos, o meu, inclusive.
Claro que toda separação é difícil e triste.
E existem várias maneiras de lidar com ela.
Aqui, por incrível que pareça, agora, talves anestesiados com o inicio dessa nova fase
os meninos estão muito bem, agora que o pai saiu de casa,
eles e eu acreditamos que ele voltará para vida deles.
Eu estou ÓTIMA!
Embora, eu esteja meio que andando em círculos, a ficha ainda não caiu, estou num ensaio de alegria e euforia. E tem o medo...
O medo me ronda, meu coração de mãe tá com medo o de mulher tá leve.
Uns aceitam a tristeza como algo inevitável,
outros, como eu, transformam a dor em vida nova,
onde o humor e inteligência vencem no final.
Eu faço parte desse time, sempre.
Já perdi a minha mãe, já tive uma grande perda financeira, perdi o casamento uma vez.
Quantas vezes aqui nesse blog eu ri de mim mesma e ainda fiz rir contando minhas mazelas?
Não forma poucas...
Tudo é transitório e reversível, assim como um casamento.
Porque e vida é mutável.
GRAÇASADEUS!
Então porque não ver que deu certo!
Claro!
Deu certo só que acabou!
Separação também pode dar certo.
Pra a separação dar certo é preciso:
Deus, família, amigos queridos, um bom terapeuta, remédios (já passei dessa fase),
noites de sono, sorrisos e lazer... Quem sabe um novo amor?
Tomada as decisão concreta, assinados os papéis vem as fases típicas:
Lidar com o sentimento de posse.
Não é fácil libertar-se da possessividade, quanto mais tempo, mais "dono"
como se o relacionamento tivesse nos garantido este direito.
Da mesma maneira que o ciúme, o sentimento de posse é muito natural
há que se observar para não cair em armadilhas.
O importante é não confundir possessividade com amor.
Ver o ex curtindo a vida por aí não significa que você o queira.
eu posso falar de carteirinha, caí nessa de voltar e nada mudou!
Me ferrei de novo!
KKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Segure a onda, não especule procure não saber da vida dele depois da separação.
Não dê ouvidos a quem vem te contar.
Porque vem né?
Com o tempo, a gente percebe que não sente mais nada.
Nada viu?!
Isso é perfeitamente retratado no filme "Divã" quando o ex da Mercedes tira os óculos, se veste melhor, rejuvenesce e ainda vira esportista... Não caio mais nessa não!
E não permita que continue seu dono...
Lidar com a raiva:
Nunca é justo, um dos dois se sente ou é "enganado".
E na maioria das vezes é sim.
E não é só com relação a outra pessoa não, enganado de várias maneiras.
Aqui, fui eu a enganada, nas muitas possibilidades de ser enganada.
KKKKKKKKKKKKK
Sacou?
Enganos, mentiras... Dá muita raiva mesmo!
Conheço casais que mal se falam, que esta juntos há anos sem conversar, sem transar,
ligados por um silêncio terrível, e um destruidor sentimento de raiva.
O melhor a fazer é se libertar da raiva e ir a luta,
e assumir a responsabilidade pela própria felicidade.
É o que tenho feito.
Não acredito em prender alguém ao seu lado, quando não há reciprocidade.
Eu não prenderia nem me permitiria prender.
Lidar com o medo:
Meus amigos a que me referi, casados sem sexo ou diálogo preferem uma vida chata,
morna, assexuada, sem graça a investir na separação e recomeçar uma vida nova.
Preferem o certo ao duvidoso.
Gente a dúvida é vida!
Novas possibilidade e perspectivas.
O medo impede de viver só e de se arriscar a uma vida diferente.
E quem disse que eu não estou com medo?
E muito.
Por mim e pelos meus filhos pequenos.
E vou em frente do mesmo jeito.
Não é fácil, mas vida tem muito mais a oferecer do que você imagina.
Tudo pode e deve ser mais alegre e enriquecedor.
Lidar com a frustração:
A dor do fracasso amoroso aumenta quando a gente se deixa levar pelas lembranças
quando olha pros filhos e pensa em todos os planos que fez junto.
Nos sonhos de felicidade e no desejo de que tudo desse certo.
Bola pra frente.
Vida nova, novos sonhos, novos projetos.
Lidar com a inveja:
Um sempre tem inveja dou outro, do que parece estar enfrentando a situação melhor.Não é fácil estar em nehuma das daus pósições, nem quem inveja e nem quem é invejado.
Eu, como da primeira vez, fui eu quem tomou a iniciativa da separação.
Acredito que, quem toma a atitude sofre mais no fim do relacionamento
e a outra parte sofre no início da separação.
Eu estava afogando, me separar me deu oxigênio.
E a outra parte, quase sempre fica sem oxigênio no começo.
Fica mais fácil se se manter a mente quieta, a espinha ereta e coração tranquilo.
Por fim, lidar com a vergonha:
Vergonha da família, dos amigos e até de si mesmo, pelo fracasso.
Vergonha muitas vezes, dos filhos.
Imagina eu que recasei, tentado acertar de novo?! Que fui levada ao altar pelos meus dois filhos! Pura sacanagem né? sacanagem porque foi premeditado! PQP!
Justo eu, colecionadora de culpas (já tô tratando) de carteirinha,
demorei a tomar a atitude que devia, por culpa,
como se a culpa da separação fosse só minha.
Mesmo não sendo eu a que fiz as barbaridades que me fizeram.
Cada um passa pelas experiências que necessita para aprender e crescer.
Eu preciso me lembrar todo dia que não devo satisfações a ninguém.
As pessoas são complicadas mesmo, cada um tem seu tempo,
muitos, inclusive, são bem mais do que eu.
Estou aprendendo que só sou responsável por 50 % do resultado da relação.
Sendo ele bom ou ruim.
Portanto, cabeça erguida e nada de remoer o que passou.
Saber que sobreviverá à separação não impede de ficar indeciso, sentir medo e a dor da perda. Qualquer decisão tomada na vida, implica em ganhar coisas e perder outras,
abrir certas portas e fechar outras.
Enfrentar perdas, é um dos maiores aprendizados do ser humano.
A maternidade é um exercício diário disso.
A perda do casamento de um sonho de vida em que se acreditou um dia, precisa ser elaborada. Para isso, ao invés de ver a metade da garrafa vazia,
eu olho pra metade cheia...
E ensino isso todos os dias aos meus filhos:
Ver as vantagens desta decisão, a curto e longo prazo.
Algumas pessoas se surpreendem ao descobrir que o ato da separação
pode não provocar tanto sofrimento.
O sofrimento é o processo até chegar ao ato em si.
Eu estou assim, já sofri.
Agora, o alívio é maior que a dor.
Estou aproveitando esse momento de elaboração para transformar essa crise
em algo enriquecedor, encarando como uma oportunidade de reconstrução
do meu próprio "eu".
Ao elaborar a raiva, culpa e tristeza, assumindo minhas responsabilidades,
estou adquirindo a capacidade de perdoar a mim mesma e ao outro.
Neste momento minha casa está um caos.
A empregada foi embora, honestamente, ela me faz mais falta que o marido.
KKKKKKKKKKKKKKK
Sério!
Parece um capitulo da comédia da vida privada de Nelson Rodrigues.
E aproveitando que o espaço no closet está maior.
Bem maior...
Aproveitando pra organizar tudo e deixar lindinho. Só com a minha cara! Bem mais bonita!KKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Aproveito o momento de organização interna para organizar o externo também.
A organização, tirar tudo do lugar, rever, jogar fora, gerou um caos.
Está tudo uma bagunça, diga-se de passagem.
Nunca fiquei na bagunça, minha casa sempre foi extremamente arrumada, linda e cheirosa.
Também, nunca fiquei sozinha, sem empregada e sem "marido"...
Não consigo organizar o externo porque o interno esta passando por uma realinhada.
Então...
Começo a organizar...
Páro, e escrevo.
Volto arrumo alguma coisa.
Páro, e vejo um filme.
Volto coloco roupas da máquina de lavar.
Páro tomo um café com uma trufa (presente da Lulu).
Volto e estendo as roupas.
Páro, e termino este texto.
E a vida segue seu curso.
Agora em paz, para mim e meus filhos.
Desejo sinceramente que você viva em paz também.
Beijos aos meus mosqueteiros:
Nicolas e Kevin
Beijos par quem me lê
e para quem teve a coragem de se separar.
Gisele