segunda-feira, 13 de julho de 2009

Recarregar as baterias, SHABAT

Shabat
Nilton Bonder

Toda sexta-feira à noite começa o shabat para a tradição judaica. Shabat é o conceito que propõe descanso ao final do ciclo semanal de produção, inspirado no descanso divino no sétimo dia da Criação. Muito além de uma proposta trabalhista já conquistada em grande parte das sociedades do planeta, shabat entende a pausa como fundamental para a saúde de tudo que é vivo.

A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa. Onde não há pausa, a vida lentamente se extingue. Para um mundo no qual funcionar 24 horas por dia parece não ser suficiente; onde o meio ambiente e a terra imploram por uma folga, uma pausa; onde nós mesmos não suportamos mais a falta de tempo, shabat se torna uma necessidade do planeta. A terra, Gaia, nós e nossas famílias precisamos da pausa que revigora. Prazer, vitalidade e criatividade dependem destas pausas que estamos negligenciando.

Hoje o tempo de "pausa" é preenchido por diversão e alienação. Lazer não é feito de descanso, mas de ocupações para não nos ocuparmos. A própria palavra "entretenimento" indica o desejo de não parar. É a busca de algo que nos distraia para que não possamos estar totalmente presentes.

Estamos cansados mesmo quando descansados. E a incapacidade de parar é uma forma de depressão. O mundo está deprimido e a indústria do entretenimento só pode crescer nestas condições.

Nossas cidades se parecem arquitetonicamente cada vez mais com a Disneylândia e o tipo de emoções que buscamos, também. Longas filas para aproveitar experiências pouco interativas. Fim de um dia com gosto de vazio; um divertido que não é nem ruim nem bom. Dia pronto para ser esquecido não fossem as fotos e a memória de uma expectativa frustrada que ninguém revela para não dar o gostinho ao próximo.

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2 comentários:

  1. Olá Gisele,
    Gostei desta reflexão! E podemos perceber como lamentavelmente a maioria dos seres humanos tem a tendencia a inclinar-se às más coisas, às futilidades, muitas vezes "iludidas", crentes que estão "na moda", e que serão "queridos(as) por ser iguais a "todo mundo".
    Então, se "todo mundo" se acaba com agitação, então o correto é "se acabar" também.
    Sem dúvida este estilo de vida "ineterrupto", incessante, cansativo, somente beneficia "meia dúzia", de gente, que estas sim... Vivem do esgotamento alheio, enquanto vivem em um eterno e paradisíaco shabat.
    Um abraço!
    Marcia

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  2. Querida Marcia, Eu tenho buscado levar uma vida "antimoda" porque eu não vivo mais correndo e ao contrário da maioria eu tenho é orgulho disso! Eu encontro pessoas que falam automaticamente que estão numa correria louca!! Como vantagem, como sinônimo de vida produtiva! Eu estou na contramão disso. Eu crio os meus filhos em paz, dia-a-dia, observando cada detalhe do crescimento deles, eu tiro tempo para mim individualmente, para estar com meu marido etempo para estar com Deus... Eu priorizo lazer, tempo com meus filhos e tempo para namorar o Carlos. Eu trabalho no que amo, e mesmo precisando trabalhar, eu não me tornei escrava do trabalho. Eu fico sozinha comigo mesma e me acho ótima companhia! Bjs

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